Para Sandra
Fotografia
O mar canta a saudade em seus ouvidos. Nos olhos o rastro da timidez se transforma em profundidade de sentidos. O vestido branco chama a sorte enquanto os cabelos ao vento pedem uma flor. Não precisa ser pura ou profana a perfumada flor, mas escolhe as cores como Rita Lee, por vezes doce, por vezes direta, e outras vezes brincalhona. Novamente o mar conta uma canção, Tudo de bom que você me fizer, faz minha rima ficar mais rara... O amor é sorte, é brilho de moedas lançadas na fonte dos desejos.
Palavras
As mãos e braços atendem verdadeiramente seus amigos, suas alegrias. Eles formam luzes ao seu redor como a dança que liberta o corpo do sabor amargo da vida. Fundamentais como sua dedicação a arte.
Desafio
Decifrar uma fotografia e algumas palavras foi um desafio. Mas a melhor parte foi poder colocar toda a minha amizade em exercício com alguém que conheço ainda muito pouco. Gostei da brincadeira. Gostei da minha amiga. A você, Sandra, dedico o texto abaixo com muito carinho:
Presente
Acordou ao sentir o sol batendo em sua varanda. Ouviu também os sons de dentro, aquela música que dá um colorido especial ao coração. Tum tum tum... Sorriu e se levantou. Estava viva! Olhou-se no espelho, lavou o rosto. Escolheu um vestido leve e saiu descalça. Sentiu o calor da manhãzinha dos pés até a cabeça. Sentou na areia e ficou ali por mais de uma hora vivendo ar, vivendo o mar. Não precisava de palavras, de qualidades ou defeitos. Respirava calma e profundamente de olhos fechados, lendo-ouvindo os contos das ondas. Alimentava-se com os amores descritos nas inúmeras páginas jogadas em garrafas, com as paixões, felicidades e saudades largadas nos portos.
Caminhou um pouco molhando e salgando os pés refrescando e dando ainda mais sabor os sentimentos das primeiras horas do dia. Pessoas especiais começavam a alegrar seus pensamentos. Desejos de paz e alegria tomavam conta de seu corpo fazendo da areia, do céu, do mar um único ser. Podia ouvir e acolher cada amigo, cada amor em seu caminhar. Todos estavam com ela.
Voltou para o ponto de partida ainda mais forte do que quando saiu. O porteiro lhe entregou uma grande caixa com um lindo laço de fita. Sabia que lá dentro havia fotografias e lembranças felizes. No elevador abraçou a caixa. Ao entrar no apartamento sentou na varanda e olhou o pacote sobre a mesinha. Nem precisava desamarrar o laço. Lançou os olhos ao infinito de suas recordações e um flash a jogou de volta para os primeiros cinco minutos daquele dia. Saboreou o gosto bom do presente-olhar no espelho de quando acordou e pensou: Amo a arte de ser vida!
Maria Cláudia
